BOLETIM IMLB

BOLETIM IMLB
BOLETIM NÚMERO 03 IMLB/MPMPL- REFORMA POLÍTICA DO POVO

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Deixando de lado o roubo dos políticos...

Depois os americanos é que sabem demais. Não os brasileiros sabem as autoridades brasileiras é que não enxergam um palmo na frente do nariz.

Enxergam. Se antes sair uma laminha para aprovação do projeto.

Se a empresa que quer ganhar uma concorrência deixar logo os 10/20% dos prefeitos ou se a empresa também não é de um deles.

Saindo o cala a boca tudo é aprovado de mudança de placa de veículo, tipo de cinto se segurança, obrigatoriedade de uso das mais diversas baboseiras, mais procurem e vejam se por trás de tudo não tem um político ou parente dono das fabricas.

Isso é normal no Brasil podemos e temos capacidade de construir quase tudo mais nossos dirigentes acham que bom só de fora pois assim tem como roubar mais.    

A ANVISA, tao “competente”, deu de presente aos americanos do Norte nossos genios. O dessalinizador de Noronha eh mais rustico.

Cristina Henriques

Água Mineral a partir da água do Mar

ESSE SÃO OS PROCESSOS BUROCRÁTICOS DO NOSSO PAIS E FALTA DE VISÃO

 

Água Mineral a partir da água do Mar  - Engarrafada - Espetacular
Mais cientistas e ciência indo embora 

 

Água mineral feita a partir do mar paulista chega aos EUA.

Moradores de Miami, na Flórida (EUA), poderão a partir do próximo mês entrar em lojas de conveniência da cidade e levar pra casa uma nova garrafa de água mineral, a H2Ocean. Seria apenas mais uma marca no mercado, não fosse por um detalhe: a H2Ocean é feita a partir da água do mar, com aplicação da nanotecnologia. E mais. O processo foi desenvolvido por brasileiros. A H2Ocean nasceu da experiência de dois cientistas, que começaram a desenvolver a tecnologia de controle de minerais em água dessalinizada. Isso ocorreu há dez anos. Em seguida, somaram-se à dupla outros dois sócios.

Em 2003, eles conseguiram a patente do processo e passaram a bater de porta em porta para tentar comercializar a água. 'Ao longo de dez anos, foram investidos cerca de US$ 2 milhões na companhia', diz Rolando Viviani, gerente de marketing da H2Ocean. Segundo ele, todas as pesquisas foram feitas com recursos próprios dos quatro sócios... Seus nomes, por enquanto, são mantidos em sigilo. No início, o objetivo da H2Ocean era vender a água 'nanotecnológica' no Brasil. A empresa alega ter procurado a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 2006 para realizar o pedido de registro do engarrafamento do produto.. A resposta teria sido a de que não há legislação específica para que esse tipo de água seja vendido no país por conta da sua fonte: o mar. Procurada, a Anvisa informou que a H2Ocean nunca entrou com um pedido de registro. A empresa, entretanto, enviou ao Valor fac-símile da página da Anvisa na internet em que aparece o número do processo do registro e do protocolo, em nome de Aquamare Beneficiadora e Distribuidora de Água. A data de entrada é de outubro de 2006 e o pedido foi negado em março do ano passado... Em dezembro, a mesma Aquamare fez uma segunda tentativa, enviando uma carta à Anvisa em que pedia esclarecimentos sobre o que fazer para obter o registro. A resposta veio quatro meses depois, com a indicação de que a empresa deveria 'importar' uma legislação sobre o assunto. Ao Valor, a Anvisa também informou que 'a empresa interessada na produção (...) de água dessalinizada deve apresentar, preferencialmente por intermédio de uma associação, proposta de regulamentação para avaliação pela Anvisa'. As dificuldades para se obter o registro no Brasil levaram a H2Ocean a mudar de estratégia. A empresa continua interessada em obter a aprovação da Anvisa, mas decidiu priorizar a busca por novos mercados. A opção foi pelos EUA. 'O registro da empresa saiu em três horas e a água foi analisada em 15 dias. Nos EUA, conseguimos resolver em três meses tudo o que não conseguimos aqui em quatro anos', afirma Viviani. O Valor, porém, não teve acesso ao registro obtido no exterior. A venda

da H2Ocean começa nos Estados Unidos em agosto, em três estados: além da Flórida, Nova Jérsei e Atlanta. Foram embarcados oito contêineres do produto, feito inicialmente na fábrica de Bertioga, litoral sul de São Paulo. A unidade poderá ser desativada em breve. A produção deve ser transferida para os EUA no fim deste ano. A nanotecnologia foi o instrumento utilizado pela H2Ocean para transformar a água do mar em água mineral dessalinizada... A água dos oceanos é rica em micro e macro nutrientes, como o boro, o cromo e o germânio - elementos dos quais o corpo humano necessita, em pequenas doses. Com a nanotecnologia, a H2Ocean conseguiu, a partir da água recolhida em alto mar, retirar o sal e manter grande parte dos minerais. Para chegar a esse resultado, os cientistas criaram um filtro com nanotecnologia aplicada, o nanofiltro. O processo inicial é o mesmo que se faz desde a década de 1940: a dessalinização. Depois de retirado o sal, restam duas opções, segundo Viviani: 'Ou todos os minerais são retirados da água ou ela continua salgada'. Com uma sequência de nanofiltragens, a H2Ocean conseguiu manter 63 dos 86 minerais contidos na composição inicial. Surgiu a água do mar mineral. Para saber se o resultado é bom, o brasileiro vai ter de esperar. Ou passar em alguma 'deli' na próxima viagem à Disney. (Fonte: Gazeta Mercantil - Indústria - Pág C1 - 30.07.08)

 

 

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Nossa marolinha

O COLAPSO MUNDIAL E O BRASIL

 

Adriano Benayon – 17.12.2008

 

1. A vulnerabilidade externa

 

O Brasil sofre, de 1945 ao presente, processo de crescente subordinação à oligarquia do poder mundial, com breve e parcial interrupção de 1951 a 1953. Ao longo dos últimos 54 anos alguns setores e empresas permaneceram sob controle local ou passaram a este, mas, no conjunto, a desnacionalização, sistematicamente promovida pela política econômica, tornou-se geral a partir de 1990.

 

No artigo “Contas externas vulneráveis”, publicado em A Nova Democracia, nº 42, abril de 2008, mostrei a fragilidade estrutural da economia brasileira, acarretada pelo predomínio das empresas transnacionais:  “As crises retornam sempre, porque a política econômica, determinada de fora do País e contrária aos seus interesses, favorece as exportações intensivas de recursos naturais, agrava a inferioridade tecnológica e propicia as transferências de recursos reais e financeiros para o exterior.”

 

Demonstrei também que as reservas internacionais carecem de consistência, pois decorrem de entradas de capital estrangeiro para cevar-se dos elevados juros e demais benesses, inclusive fiscais.

 

Em “A nova crise do real” (nº 46, setembro de 2008), observei: “Para futuro não muito distante gesta-se outra crise do real e mais um desgaste insuportável para a economia brasileira semelhante ao de 1998, quando a taxa dos títulos públicos chegou a 50% aa., sem que isso tenha evitado a galopante desvalorização do real iniciada em 1999.”  E: “A recorrente vulnerabilidade das contas externas é conseqüência inelutável do modelo comandado por bancos e empresas transnacionais.

 

Sendo a vulnerabilidade crônica e estrutural, as divisas estão fadadas a sair, engordadas pelos ganhos aqui auferidos, ao se tornar crítico o déficit nas transações correntes com o exterior. Isso aconteceria mesmo sem o impacto do colapso financeiro e da depressão econômica nos EUA e Europa. De qualquer modo, um e outra aceleraram a sangria das reservas, não só porque o capital se tornou quase indisponível no exterior, mas também pela queda dos preços das commodities.

 

Tudo isso ficou manifesto no resultado negativo de US$ 7,1 bilhões no balanço de pagamentos em novembro de 2008, recorde desde 1999.  A própria balança comercial (exportações menos importações) que vinha tendo grandes saldos, caiu 12,1%, até novembro, em relação a 2007.

 

A balança havia totalizado superávit de US$ 190,2 bilhões, de 2003 a 2007, mas essa não foi a fonte principal das reservas, porquanto o balanço de transações correntes, do qual a balança comercial faz parte, se limitou, no período, a US$ 28,3 bilhões, sem as transferências unilaterais.

 

De fato, o saldo comercial foi quase que totalmente anulado pelos déficits  de serviços e de rendas (juros e lucros), com déficit de US$ 162 bilhões. Isso deixa bem claro que, apesar do volume colossal das exportações de recursos minerais e de produtos do agronegócio, as reservas, cujo grosso está ligado a capitais voláteis, não dão segurança ao Brasil.

 

Será o caso de conferir se, como creio, se dará a crise do real, ou se tem razão o dono da política econômica, aboletado no Banco Central, o qual se gaba do nível recorde de reservas (US$ 209 bilhões em 17.12.2008) e assegura que haverá crescimento econômico em 2009.

 

Ele omitiu que o recente aumento das reservas se deve ao adiantamento do Federal Reserve (FED) dos EUA (US$ 30 bilhões até abril de 2009). Como observou Cesar Benjamin, o capital de curto prazo entendeu o recado: tem alguns meses para ir embora sem grandes perdas.

 

2. A Falha estrutural

 

O Brasil já se prejudicou demais por se atar ao sistema mundial de poder e às decisões deste. Agora, o colapso financeiro e econômico mundial faz pairar sobre o País perspectiva ainda mais trágica que essa lamentável retrospectiva.

 

Livrar-se da exponenciação dos graves desequilíbrios e libertar-se dos mecanismos de saqueio só será possível sob novo quadro institucional, por sua vez, irrealizável sem a remoção das falhas estruturais. A principal delas consiste no controle dos meios de produção por empresas transnacionais sediadas no exterior e pode ser medida pelo registro no Banco Central dos “investimentos estrangeiros diretos”.

 

De 1996 e 2001, as entradas líquidas a esse título superaram os US$ 100 bilhões (ingressos de US$ 157 bilhões e saídas de US$ 56,6 bilhões). Segundo o IEDI (Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial) a cifra líquida chegou a US$ 125 bilhões. O estudo desse instituto concluiu que o avultado volume de investimento direto estrangeiro teve por conseqüência o agravamento do desequilíbrio externo do País, em função dos gastos com juros, remessas de lucros e pagamentos de royalties às matrizes das transnacionais.

Em 1995 as empresas estrangeiras respondiam por 31,8% daquele déficit. Esse percentual subiu para 61% em 2000. Mais: as estrangeiras responderiam por 67% do aumento da dívida externa no período.

Há mais fatos a acrescentar à avaliação do IEDI.

 

1) Os ingressos investimentos estrangeiros diretos foram ainda maiores de 2002 a 2007 (US$ 212,9 bilhões), embora as saídas tenham se elevado em proporção ainda maior (US$ 149,7), resultando em entradas líquidas de US$ 63,2 bilhões.

2) O grosso dos lucros das transnacionais é remetido ao exterior a outros títulos que a remessa oficial de lucros, esta cresce  vertiginosamente: de US$ 16,4 bilhões em 2006 para US$ 21,3 bilhões em 2007, quantia igual a quase cinco vezes a média de 1994 a 2003 (US$ 4,3 bilhões). Em 2008, só de janeiro a setembro, a remessa oficial ascende a US$ 27,5 bilhões.

3) O grosso do capital estrangeiro no Brasil provém de recursos ganhos localmente e de subsídios governamentais.

 

3. A mentalidade das “elites”

Sem falar dos tradicionalmente alinhados ao Império anglo-americano, é  preocupante que  não avaliem adequadamente a realidade figuras destacadas dentre os não indiferentes à autodeterminação do País e à prosperidade da sociedade em seu conjunto.

Em recente seminário patrocinado pelo Governo do Paraná, disse Carlos Lessa: “A crise atual é o resultado de 25 anos de excessos, a globalização de uma superestrutura financeira, em que o produto de todos os países soma 60 trilhões de dólares, mas temos 130 trilhões de dólares em ativos primários e se crê em 540 trilhões em derivativos financeiros.

 

Na verdade, os números são ainda mais assustadores do que esses. Mas, mais importante é entender que vêm de muitos séculos os excessos dos concentradores financeiros. A origem direta dos atuais remonta a antes de 1960, quando começou a se intensificar a movimentação de ativos financeiros fora do controle dos Estados nacionais, nos refúgios fiscais offshore, a maioria em possessões britânicas e holandesas, e também em centros europeus como Londres e Zurique. 

 

Do mesmo modo, as imposições do Império no âmbito da globalização não foram as razões principais de ter sido o Brasil brutalmente saqueado nos últimos 18 anos, através das negociatas das privatizações e de n outras jogadas contra o País. Durante os mesmos 25 anos de que fala Lessa, grande número de países não sofreu da política de terra arrasada aplicada no Brasil.

 

Por que? Porque suas estruturas econômicas formadas ou reconstituídas após a 2ª Guerra Mundial,  e aí vão mais de 60 anos,  não se fizeram com base em empresas de capital estrangeiro, nem subsidiando essas empresas, como ocorreu no Brasil.

 

O empresário Eugênio Staub falou do “crescimento brilhante” do Brasil , de 1900 a 1980. Segundo ele, só não foi melhor ainda, porque a partir de 1980, perdemos o rumo,  quando o Brasil entrou na conversa do Consenso de Washington.

 

Staub não entende que só entramos nessa conversa, porque, de 1954 em diante, aumentaram as dependências financeira e tecnológica, levando a déficits de transações correntes devidos aos mecanismos de transferência dos recursos ao exterior. Daí elevou-se a dívida externa, a alavanca que fez pseudo-governos se curvar às imposições do Banco Mundial e do FMI.

 

4. A resposta das “autoridades”

 

Estas aceitam o que deseja quem tem poder de pressão. O crédito secou para as demais atividades produtivas. Empresas nacionais, além dos efeitos da crise, encalacraram-se com operações de derivativos no exterior, a que foram induzidas pelo BACEN. 

 

A resposta foi liberar R$ 56 bilhões de depósitos compulsórios dos grandes bancos, que estão comprando carteiras de bancos menores e depositando títulos públicos no BACEN, sobre os quais auferem juros de 13,75% aa. Até o início de dezembro o governo havia gasto R$ 150 bilhões “combater a crise financeira”. A maior parte para “segurar” a taxa de câmbio e financiar swaps cambiais. 

 

O economista Dércio Munhoz lembra que há R$ 150 bilhões em papel-moeda depositados no Banco Central, e a economia produtiva permanece à mingua. Os bancos públicos financiam montadoras de automóveis e fusões de empresas.

 

 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

UM OBJETIVO

Um dos objetivos do Instituto Mãos Limpas Brasil é a implantação das "salas do cidadão" projeto de LUIZ OTÁVIO DA ROSA BORGES.
Abaixo o proprio autor do projeto nos dá um breve e inicial relato.

MÃOS LIMPAS BRASIL
QUEM SÃO OS DONOS DO BRASIL?
LUIZ OTÁVIO DA ROSA BORGES*
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Convido você, caro leitor e cidadão, a refletir sobre a seguinte pergunta: quem são os donos do Brasil? Para simplificar a análise da pergunta, proponho que você pense no País como um grande condomínio. E aí? Quem são os proprietários ou os condôminos do Brasil*? Você, e todos os que aqui moram, é que são os condôminos. São os impostos pagos por você que sustentam os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Lembre que, quando compra qualquer produto, você, mesmo que não saiba ou não perceba, paga impostos. Exemplo: quando você compra lápis, apontadores, canetas, borrachas, réguas, mochilas, tinta, etc., etc., estão embutidos, nos preços desses produtos, impostos de cerca de 40% dos valores pagos.
Tudo que é pago, pelos brasileiros, é usado para sustentar todas as organizações públicas (federais estaduais e municipais): escolas, universidades e professores. Hospitais, médicos e enfermeiras. Juízes, desembargadores, promotores e procuradores. Delegacias, policiais e fiscais. Presidente, governadores e prefeitos. Ministros e secretários. Senadores, deputados e vereadores. Todos os prédios, equipamentos, carros, aviões, funcionários, assessores, etc, etc, etc.
Em resumo: essa turma toda é o Síndico do Condomínio Brasil, pago com nosso dinheiro. Nós somos os donos.
As pessoas que moram em prédios de apartamentos dificilmente são roubadas pelos síndicos. Os casos de roubo cometidos por síndicos de prédios são raros.
São raros porque os condôminos dos prédios conseguem, com facilidade, descobrir que destinos os síndicos dão ao dinheiro dos condôminos.
E você, que é dono do Brasil, sabe o que é feito com seu dinheiro? Não sabe! Para demonstrar que não sabe, convido você a enfrentar um desafio bem simples.
Aqui vai o desafio. Duvido que você consiga descobrir:
- quantos litros de gasolina, álcool ou diesel foram consumidos, no semestre anterior, pela prefeitura de sua cidade. Qual foi o preço unitário. Os nomes e endereços das empresas que venderam os combustíveis;
- quantas luvas e seringas descartáveis foram consumidas, no semestre anterior, pelo hospital público mais próximo de sua residência. Qual foi o preço unitário. Os nomes e endereços das empresas que venderam as luvas e seringas.
Tem alguma coisa errada nessa história. Você, que paga quase metade de tudo que ganha, para ter um síndico, não consegue ter acesso a informações tão elementares, como as acima exemplificadas, ou seja, sobre os destinos que o síndico do País dá ao dinheiro público.
Essa situação tem solução? Tem! Falaremos dela em nosso próximo artigo.
* Luiz Otávio da Rosa Borges, ex-auditor da Receita Federal criou o projeto "Sala do Cidadão", uma das prioridades do Movimento Mãos Limpas Brasil, que será detalhado nas próximas no Portal do Cabo.

SOBRE A CRISE GLOBAL

Publicado em A Nova Democracia, nº 40, fevereiro de 2008

O COLAPSO FINANCEIRO GLOBAL

Adriano Benayon* – 22.01.2008

Os concentradores financeiros “privados”, reais governantes das “democracias” e de suas dependências imperiais, usam o dinheiro como arma absoluta do poder. Maquiavel, o grande mestre da política, já verificara no Século XVI que o ouro e as armas são os meios de conquistar e exercer a autoridade política. Eles interagem: armas podem ser adquiridas com o ouro, que pode ser obtido através das armas.

A moeda só tem valor como dinheiro se a autoridade o determinar. Na época do sábio florentino, os príncipes dotados de poder, asseguravam-no mediante a cunhagem de peças de ouro e de outros metais, as quais constituíam a moeda de curso legal.

Mas havia também, nas grandes praças financeiras da Europa, e entre si, intensa circulação de letras de câmbio. As bolsas negociavam ações de companhias, e alguns bancos emitiam notas. A família comerciante dos Medici, de Florença, após virar banqueira, em pouco tempo tornou-se dinastia real, mostrando como a finança conduz ao poder supremo.

Financistas prudentes advertiam que os títulos não deveriam corresponder a mais que 3 ou 4 vezes a quantidade da moeda, mas a relação chegou a passar de 15 vezes, em algumas épocas, na Holanda e na Inglaterra.

A especulação é tão velha como o Mundo, mas não se deve pensar na finança apenas sob esse prisma: esta é necessária para complementar a moeda circulante, cuja escassez e pouca mobilidade emperram o comércio e os investimentos produtivos. Há que prover moeda e finança para o desenvolvimento da economia real.

Questão fundamental é esta: quem controla a emissão de numerário (meios de pagamento à vista) e a dos títulos de crédito. Os detentores desse poder têm nele a fonte de seu poder sobre a sociedade.

A eles se subordinam os presidentes e os primeiros-ministros das potências hegemônicas e os de seus associados menores e satélites. Assim, os Estados não estão sendo governados para o bem da sociedade. Ainda mais submissos são os pseudogovernantes dos países periferizados e explorados por meio do livre comércio, dos investimentos diretos estrangeiros e das demais instituições da globalização imperialista.

Os bancos centrais têm sido regidos pela oligarquia financeira, a raposa que controla galinheiros como o Banco da Inglaterra, há séculos, e o Federal Reserve (FED), nos EUA, desde sua criação em 1913.

Como disse, após a criação do FED, Louis McFadden, membro do Congresso dos EUA, depois assassinado: "Um sistema bancário mundial vem sendo preparado. Um super-Estado controlado pelos grandes banqueiros internacionais, agindo em conjunto para escravizar o mundo para o seu prazer. O banco central usurpou o governo."

Nos EUA quem emite e controla a moeda é o FED, feudo de um cartel de bancos privados. Não é o Tesouro. Kennedy autorizou-o a emitir papel-moeda, mas o decreto foi revogado por Lyndon Johnson, poucos dias após assumir a presidência em seguida ao assassinato de Kennedy. O Tesouro só emite títulos pagando juros.

Está, pois, claro quem emite e controla a moeda e o crédito e para favorecimento de quem. Os bancos, ademais das receitas com títulos públicos, auferem juros por meio de empréstimos a empresas e a pessoas físicas. O lançamento no mercado de títulos de empresas é outra fonte de ganhos. Esses títulos são objeto de vários tipos transações, como opções e swaps, e servem para criar derivativos e títulos colateralizados . Até índices de preços de ações e taxas de câmbio são securitizados.

Além de receber taxas e comissões, os bancos buscam mais lucro investindo. Primeiro, com recursos do banco central a custo inferior aos juros auferidos pelos bancos. Segundo, emprestando múltiplos dos depósitos à vista livres do depósito compulsório no banco central. Terceiro, com as aplicações das empresas e de outros investidores.

Com tanto dinheiro, inclusive da coletividade, à sua disposição, os bancos, junto com os fundos, querem fazer render essa pecúnia. Ávidos de lucros e poder, criam montanhas de ativos financeiros maiores que o Everest.

Para esse fim e usando sua ascendência sobre os políticos, desmontaram os controles instituídos nos anos 30 em face dos terríveis problemas gerados pela especulação culminada em 1929. Foram formando outra bolha a partir dos anos 80. Grana é o combustível da ideologia (neo)liberal e da globalização comandada pela oligarquia. Não há ninguém limitando suas decisões: essa é a origem do colapso financeiro mundial.

Nos últimos vinte anos e, com mais velocidade, nos últimos dez, os ativos financeiros cresceram exponencialmente, em gritante desproporção com a inflação moderada dos ativos monetários. O estoque de títulos de crédito, inclusive derivativos, ultrapassa 500 trilhões de dólares, com grande parte de junk bonds (títulos podres).

Essa quantidade é tão fantástica, que sua existência material seria impossível mesmo no plano simbólico, como a do papel-moeda, a dos certificados de títulos e a dos lançamentos em livros. Portanto, o atual dinheiro é virtual.
A enxurrada de transações financeiras e cambiais diárias envolvendo centenas de trilhões de dólares só se realiza através de supercomputadores. Grande parte para lavar dinheiro dos tráficos ilícitos: quanto mais movimentações, mais difícil retraçar a origem dos fundos.
David Roche, presidente da corretora Independent Strategy, de Londres, calculou que os ativos financeiros cresceram de 150% do PIB, em 1980, para 400%, em 2005, nos sete países do G-7. Mas não considerou os ativos desses países nos refúgios fiscais (offshore).
Segundo relatório do McKinsey Global Institute, os ativos financeiros no Mundo ultrapassavam 118 trilhões de dólares, no final de 2004. Mais que o dobro de 1993, e 10 vezes o total de 1980. Conforme a fonte, esses ativos correspondiam a três vezes o PIB mundial (em 1980 apenas o igualavam). A proliferação é, na realidade, muito maior, pois esses dados não incluem os derivativos, então estimados pelo BIS, em 278 trilhões de dólares. No 1º semestre de 2007, os ativos financeiros mundiais atingiram US$ 167 trilhões, aumentando 42% em relação a 2004, sem contar os derivativos.

A mega-inflação dos títulos financeiros foi acompanhada de estagnação na economia real, causada pelo baixo investimento na infra-estrutura e nas estruturas produtivas. Daí terem declinado os rendimentos e o emprego da classe média, desencadeando dificuldades para o pagamento de créditos em cima dos quais se criou a montanha dos derivados. A economia norte-americana foi estimulada por consumo a crédito, apesar de a maioria ter perdido renda real com a transferência em favor do segmento de 1% que, sozinho, detém 40% dela.

A inadimplência de devedores hipotecários detonou o colapso financeiro, mas a abrangência deste é muito maior, alcançando inclusive cartões de crédito e empréstimos de empresas. O sistema financeiro abusou da conversão de dívidas em títulos (securitização), classificando débitos sub-prime como AAA. Para 1 dólar em hipotecas, havia 3 em títulos.

A implosão tornou-se evidente quando Merrill Lynch e Lehman Brothers suspenderam a venda de colaterais que arrestaram dos falidos fundos hedge do Bear Stearns, por só conseguirem ofertas de 20 centavos por dólar de valor nominal.

Em julho de 2007, alastrou-se a quebra das hipotecas sub-prime. O IKB, da Alemanha foi salvo da falência por um consórcio de bancos desse país, com empréstimo de emergência de US$ 11 bilhões. Houve também a corrida bancária ao britânico Northern Rock.

O colapso já acarreta modificação estrutural no fluxo internacional de capitais. Até agosto de 2007, investidores fora dos EUA compravam mais do que vendiam títulos do governo e de corporações privadas dos EUA. Naquele mês o fluxo tornou-se negativo. Apesar de ter havido recuperação, especialmente em outubro, a média de agosto a novembro (US$ 52,1 bilhões) foi menos que metade da média de janeiro a julho (US$ 113,1).

Nos títulos de longo prazo, as vendas líquidas por estrangeiros foram US$ 86,6 bilhões, em agosto; de janeiro a julho ainda houve compras líquidas de US$ 461,5 bilhões. Só se manteve a procura por notas do Tesouro de curto prazo (até 180 dias).

Importante: a partir de outubro, parte substancial dos ingressos de divisas nos EUA provém do socorro por fundos soberanos da Ásia e do Oriente Médio, que adquirem títulos conversíveis em ações de bancos dos EUA. Em novembro, ações ordinárias do Citigroup foram compradas pelo fundo soberano de Abu Dhabi, no valor de US$ 7,5 bilhões.

O Citigroup, maior banco dos EUA, registrou, em 15.01.2008, o maior prejuízo de sua história e vendeu ações preferenciais por US$ 14,5 bilhões ao Temasek, fundo nacional de Cingapura. Captou também da Autoridade de Investimentos do Kuwait. Ao todo, US$ 26 bilhões desde o início do colapso. A Merrill Lynch recebeu, em janeiro de 2008, U$ 6,6 bilhões da Companhia de Investimentos da Coréia, da Autoridade de Investimentos do Kuwait e de outros, além de US$ 6,2 bilhões obtidos em dezembro.
O gigante suíço UBS teve prejuízo no 3º trimestre de 2007, decorrente da baixa (write-down) de 3,4 bilhões de dólares em títulos ligados aos mercados sub-prime dos EUA. No 4º trimestre, baixa de mais $10 bilhões. Então levantou US$ 17,6 bilhões: participação de 9% do governo de Cingapura no capital do banco e recursos de investidor não divulgado do Oriente Médio.
Estimam-se em US$ 100 bilhões de dólares as recentes injeções de dinheiro em bancos estadunidenses e europeus, por fundos nacionais e investidores de Abu-Dabi, Kuwait, Dubai, Arábia Saudita, China, Cingapura e Coréia do Sul.
Também ganham vulto cada vez maior as operações de resgate por parte dos bancos centrais para que os bancos não ponham à venda os ativos podres, o que faria despencar seu valor de mercado. O FED despejou, várias vezes, dezenas de bilhões de dólares em bancos dos EUA nos últimos meses de 2007. No dia 18.12.2007 o Banco Central Europeu, o FED e o Banco da Inglaterra socorreram bancos do continente europeu e ingleses com US$ 548 bilhões. Estão atiçando a inflação, sem lograr sanear os bancos.
Observadores calculam que mais de US$ 1 trilhão de ativos já ficaram sem valor nos últimos meses. A bolha pode atingir US$ 20 trilhões, segundo o Serviço de Notícias da Executive Intelligence Review.
Tudo isso é escondido dos olhos do grande público. A oligarquia responsável pelo colapso pretende fazê-lo pagar por este. Ilustração tragicômica é esta nota, em destaque no portal do Tesouro dos EUA: “Os EUA têm o mercado de capitais mais forte do Mundo, e essa posição é conseguida através de trabalho duro e estratégias inteligentes.”
O economista-chefe do banco de investimentos Goldman & Sachs teve de admitir: "Muita coisa mudou desde meados de julho, quando dissemos que a economia global continua a desfrutar de uma das mais fortemente sustentadas expansões na história moderna”. Daniel Mudd, executivo-chefe da Fannie Mae, importante instituição hipotecária dos EUA, declarou:“o pior da crise ainda está por vir, pois o mercado não chegará ao fundo antes do final de 2008.”

Conclusão

Os efeitos irão além da recessão em curso nos EUA. Virá a depressão, e já está difícil ocultar a natureza fraudulenta do sistema mundial de poder. Por ficar atrelada a este, a sociedade brasileira foi sacrificada demais e tolhida em seu desenvolvimento. O Brasil progrediu nos anos 30 e 40, ao cair o comércio internacional por causa da depressão nos países hegemônicos. Está na hora de o País organizar-se, controlar os capitais e desconcentrar a estrutura econômica.

* - Adriano Benayon é Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora Escrituras. benayon@terra.com.br

APENAS UMA ENTRE TANTAS MARACUTAIAS

Da coluna de João Alberto - Diário de Pernambuco de hoje, 4 de janeiro de 2009
CONFIDENCIAL
O presidente da Câmara de Deputados tem direito a contratar nada menos qe 46 funcionarios sem concurso, os chamados cargos de natureza especial.
Os outros integrantes da mesa têm direito a contratar 33 e até suplentes não ficam de fora da farra: cada um tem 11 vagas.
Uma verdadeira vergonha.
Enquanto o povo não resolver fiscalizar o que vereadores e prefeitos fazem com o dinheiro do contribuinte, seremos roubados descaradamente.
E uma corja dessas ainda quer ser chamada de incelença.